O interesse crescente pela implementação de uma cultura que acolha a diversidade e inclusão no local de trabalho é uma das conclusões do Estudo “A Empregabilidade das Pessoas com Deficiência | Inquérito às Empresas (EPD-IE)”. Este estudo foi desenvolvido através da colaboração entre a Comissão para as Pessoas com Deficiência do Concelho de Cascais e um grupo de investigação associado ao Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina e à Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e à Universidade de Wisconsin-Milwaukee (EUA).
Este trabalho, que contribuiu para a criação do conceito do projeto JustWork, recolheu respostas de 151 colaboradores de entidades empregadoras do concelho de Cascais.
Lúcia Canha, a investigadora principal do estudo, confessa ter ficado surpreendida quando a maior parte dos empregadores destacaram como principal vantagem da contratação de uma pessoa com deficiência, “a oportunidade de incrementar na organização uma nova cultura de diversidade e inclusão”.
O facto de ter sido dado menos destaque pelos inquiridos a outras vantagens, como o reforço da política de responsabilidade social ou a melhoria do ambiente de trabalho mostram, de acordo com a investigadora, que “as empresas se estão a apropriar dos conceitos de diversidade e inclusão e que começam a reconhecer os benefícios de serem líderes nesta área”. Benefícios que, refere, têm vindo a ser amplamente demonstrados noutros estudos realizados fora de Portugal.
Outro aspeto que surpreendeu a investigadora nestas respostas, foi a circunstância de a maior parte dos inquiridos ter apontado como obstáculo à contratação de PcDs a “dificuldade em encontrar candidatos com deficiência” para as vagas em aberto. As crenças e ideias feitas sobre este tipo de recrutamento ou a falta de informação sobre como proceder ao mesmo, ficaram em segundo plano.
Para Lúcia Canha este quadro ilustra bem a atual necessidade de criar respostas que ajudem as empresas a implementar uma cultura de diversidade e inclusão que, para se tornar uma realidade, deve de ir muito para além das intenções. “Não bastará apenas colocar pessoas com deficiência nas equipas, há que desenvolver processos transformativos que envolvam todos os implicados” e preparem as organizações para fazerem este novo caminho de forma efetiva.
Nesta frente, Lúcia Canha defende que será fundamental a colaboração futura das entidades empregadoras com os técnicos das organizações que já trabalham com pessoas com deficiência e conhecem bem a sua realidade.
No seu entender, o desafio daqui para a frente será fomentar uma troca de saberes e de pontos de vista entre estes dois setores, “com muita criatividade, capacidade de aprender e reaprender em conjunto, numa competição saudável que mantenha o foco no objetivo comum de conseguirmos ambientes laborais melhores para todos”.