As Casas de Alapraia, um Lar Residencial da APPACDM de Lisboa recebe já há mais de 30 anos residentes com deficiência intelectual. São 25 residentes, hoje já quase todos com mais de 50 anos de idade.

As rotinas são uma parte importante dos seus dias e começam dentro de casa, com tarefas domesticas que são atribuídas a cada um. Mas há também quem goste de se ocupar fora do lar e procure ser útil no contexto mais alargado da comunidade.

Marina Pousão, psicóloga nas Casas de Alapraia, conta que para esses residentes “as ASU: Atividades Socialmente Úteis, têm sido uma boa solução”. Este modelo de ocupação em tempo parcial “vai estimulando, mas sem sobrecarregar, as pessoas com deficiência já com alguma idade que têm dificuldade em cumprir horários completos”. Permite-lhes saírem para a comunidade, assumirem algumas responsabilidades e sentirem-se incluídos e reconhecidos fora do espaço protegido onde habitam.

De acordo com Silvia Braz, Terapeuta Ocupacional responsável pelas ASU nas Casas de Alapraia, os utentes que frequentam este tipo de trabalho, “são mais autónomos, mais responsáveis e têm uma noção mais clara do tempo”. Nota-se também que, nestes casos, “os processos de envelhecimento vão sendo mitigados em comparação com os outros residentes que ficam no lar”.

As ASU podem ser atribuídos a quem manifesta vontade de se ocupar desta forma e, frequentemente, os pedidos são inspirados pelos exemplos de colegas. Uma vez feita esta escolha, o segundo passo é encontrar competências, gostos e tarefas que possam ser usadas pelo candidato numa ASU. Alguns utentes fazem formações específicas em áreas profissionais que lhes permitam ficar mais aptos para desempenhar certas tarefas.

Todas as colocações em ASU são acompanhadas ao longo do tempo por uma supervisão da equipa técnica, que vai dando suporte à experiência de trabalho parcial, para que esta seja a melhor possível para ambas as partes. A hotelaria, cabeleireiros, escolas ou um atelier de costura, têm sido algumas das áreas mais escolhidas pelos utentes das Casas de Alapraia.

Marina Pousão elogia este modelo de ocupação como sendo uma porta com grande potencial para empregadores e para candidatos. “Para um empregador, receber uma pessoa com deficiência numa atividade a tempo parcial pode ser uma experiência inicial de contacto com este público, que permita conhecer melhor as suas especificidades” e uma oportunidade para começar a criar um ambiente de trabalho mais inclusivo. Para os candidatos com estas características, explica Silvia Braz , “as ASU podem servir como experiências iniciais no mundo do trabalho, que lhes permitam perceber se querem ou não iniciar um percurso de empregabilidade”.

Tudo pode começar num CACI: Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão. Deixamos em baixo os CACI disponíveis em Cascais e Oeiras: