Depois de mais de 20 anos ligada à política, Mar Galcerán tornou-se deputada em Valência. Quando chegou ao Parlamento regional pediu mais oportunidades para pessoas com deficiência.
A primeira deputada com síndrome de Down a integrar o Parlamento regional tem 45 anos e é membro do Partido Popular (PP) há pelo menos 20. Começou no partido conservador aos 18 anos e foi subindo na hierarquia até ser incluída na lista de 20 candidatos do PP às eleições regionais de Valência, em Maio de 2023.
Segundo a federação espanhola de síndrome de Down, a militante do PP é também a primeira na Europa a integrar um Parlamento regional, um gesto “de verdadeira inclusão”.
Mar Galcerán explica que entrou no parlamento pois quer contribuir para todas as pessoas possam fazer parte da vida política. “Quero aprender a fazê-lo bem pelos valencianos e, mais importante, por aqueles que têm capacidades diferentes. Quero que as pessoas me vejam como pessoa, não apenas pela minha deficiência”, declarou a deputada do PP citada pelo Guardian, após o resultado das eleições.
“Acredito que pessoas como eu têm o direito a nascer, estudar, trabalhar e terem uma vida mais autónoma possível. Nós, pessoas com incapacidade, gostamos que digam que temos capacidades diferentes, mas a sociedade não nos soube proteger assim e isso revela-se na falta de confiança que têm em nós. Mas não foi o meu caso e acredito que com apoio, oportunidades e se acreditarmos que todos temos capacidades diferentes podemos ter autonomia suficiente para que pessoas como eu se sintam parte da sociedade” defendeu.
Além de deputada no Parlamento regional, é a segunda pessoa com síndrome de Down a exercer um cargo político no país. Ángela Bachille foi a primeira quando, em Julho de 2013, se tornou vereadora da autarquia de Valladolid, no norte do país.
Antes de acompanhar o líder do partido na campanha eleitoral, Mar Galcerán trabalhou como auxiliar de Jardim de Infância, área que estudou. No PP, começou por exercer funções como Secretária da Área de Atendimento às Pessoas com Deficiência e, a partir de 2010, foi funcionária nos Ministérios da Assistência Social, Igualdade de Políticas Inclusivas e Saúde, funções que conciliou com quatro anos de presidência da Asindown, associação em Valência que ajuda famílias com crianças com síndrome de Down.